sexta-feira, 29/março/2024
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Julier, o PT e o jogo

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A resolução do diretório nacional do PT de sábado passado é canalha. Ofende a honra de partidos adversários e das pessoas, ao pedir investigações sobre suspeitas. Fui citado pessoalmente no texto. O PT pede que se investiguem “as conexões de organização criminosa de João Arcanjo Ribeiro, que está preso no Uruguai, suspeito de ter repassado 5,7 milhões de reais para as campanhas eleitorais de Dante de Oliveira e do senador Antero Paes de Barros”.
A suspeita do PT é obra do juiz Julier Sebastião da Silva, que manipula depoimentos de integrantes da quadrilha de Arcanjo com o nítido propósito de atingir a minha honra e a do PSDB. Julier trabalha para o PT e isso explica seus atos incompatíveis com a dignidade da magistratura.
Os auxiliares de Arcanjo já negaram em juízo a existência de doações da organização para a campanha do PSDB. Mas isso não faz diferença para Julier. No intuito de desqualificar o PSDB, que se apresenta como o principal adversário do PT nas eleições de 2006, o juiz “suspeita” que tais recursos possam ter sido repassados através de empresas e empresários.
Não há documentos, provas, nem indícios que comprovem suas “suspeitas”, mas isso para o juiz e para o PT não vem ao caso. Basta a suspeita para botar a engrenagem petista para funcionar. A “suspeita” foi publicada como denúncia por um jornal de Brasília e outro aqui de Cuiabá. Dois dias depois, a “notícia” foi reproduzida pelo informativo da liderança do PT na Câmara dos Deputados e mandada para todos os jornais. No sábado, o diretório nacional do PT usou a “notícia” em sua resolução. Domingo, os mesmos jornais publicam: diretório nacional do PT “acusa” tucanos. O que era uma simples “suspeita”, ao final desse circuito viciado e manipulado, virou denúncia, acusação.
O leitor-cidadão comum pode até se deixar enganar por esse procedimento vil e canalha do “aparelho” petista. É uma técnica usada pelos regimes autoritários e pelos tribunais de exceção contra seus adversários políticos. A suspeita transformada em denúncia é repetida tantas vezes que até parece verdade. Vira senso comum.A técnica faz do inocente um suspeito. O suspeito vira réu, acaba condenado.
O PT é doutor em “aparelhamento”. Aparelhou o governo federal com nomeação de seus militantes para cargos importantes. Isso explica os desvios de dinheiro para o mensalão e para o caixa 2 das campanhas do partido. Aparelhou a justiça com gente do quilate de Julier e aparelhou órgãos da imprensa,, com jornalistas militantes do partido. O que explica em boa parte as notícias distorcidas e dirigidas para os interesses do PT e seus candidatos.
Não aceito esse tipo de manipulação e essa farsa dos petistas. Denunciei a “armação” no Senado, ganhei direito de resposta na imprensa e estou processando o juiz Julier Sebastião da Silva por injúria, calúnia e difamação. Vou denunciá-lo ao Conselho de Justiça por comportamento incompatível com o exigido da magistratura. Ele trabalha para um partido político, distorce declarações e depoimentos tomados em juízo e os utiliza na imprensa para atingir a honra dos que se opõem ao PT.
Repito, com todas as letras, que não tenho e nunca tive relações com João Arcanjo Ribeiro e sua organização. Não conheço seus empregados e nem seus operadores. Não há registro de um único telefonema trocado entre nós. (Se houvesse, Julier já teria detectado) Jamais recebi dele ajuda ou doações de campanha. Não lhe devo nada, nem visita.
Em 2003, pedi ao Banco Central investigação sobre as factoring pertencentes a Arcanjo e denunciei ao então ministro Miro Teixeira que a organização criminosa seria proprietária de emissoras de rádio em Cuiabá. Uma das rádios, aliás, foi fechada pelo Ministério das Comunicações. Dediquei 21 páginas do voto em separado que apresentei à CPMI do Banestado ao crime de evasão de divisas promovido por Arcanjo e suas empresas. Como senador e integrante da CPMI, adotei ou aprovei 56 medidas para investigar Arcanjo. Eu não tomaria tais atitudes, se tivesse qualquer relação de comercial, política ou de amizade com ele. Até por uma questão de caráter!
Julier tenta me envolver com Arcanjo para desviar a atenção sobre o PT. O povo sabe: quem tem relações com o jogo e com o crime organizado e com o caixa 2 é o PT e seu amigo íntimo, Alexandre Cesar. As denúncias estão aí. E não são suspeitas, não. São fatos, investigados e provados.
No Rio Grande do Sul, os bicheiros deram o dinheiro para a compra da sede do PT e, em troca, a polícia do então governador Olívio Dutra não combatia o jogo do bicho.
No curto governo de Benedita da Silva, no Rio de Janeiro, os donos de bingos mandavam na Loterj, cujo diretor era o conhecido Waldomiro Diniz, e contribuíam para as campanhas eleitorais do PT.
Waldomiro, amigo dos donos de bingo, virou assessor do ex-ministro José Dirceu no Palácio do Planalto, até ser demitido com a divulgação daquela fita de sua conversa com Carlinhos Cachoeira.
Os bingos paulistas contribuíram com um milhão de reais para a campanha de Lula em 2002, segundo informação de um ex-assessor do ministro Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto na CPI do Bingo.
Em Mato Grosso, a operação Curupira prendeu o superintendente do Ibama, que confessou ter feito arrecadação para a campanha de Alexandre César. Estranhamente, o zeloso juiz Julier calou-se. Não investigou, não mandou fazer busca e apreensão na sede do PT e nem no escritório do candidato Alexandre César.
Em São Paulo, o ex-prefeito de Campinas, Toninho do PT, foi assassinado por quadrilha ligada aos jogos de azar. O ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, foi assassinado pelos corruptos ligados ao PT instalados naquela prefeitura. A CPMI do Banestado descobriu ligações entre a quadrilha de Santo André e João Arcanjo Ribeiro. Através de ofício, informei o juiz Julier e lhe passei os dados que apuramos.
Até 2002, os bingos estavam fora da lei. Lula criou um grupo de trabalho para regulamentar os jogos de bingo e outros jogos de azar. A ex-líder do PT no Senado apresentou projeto para regulamentar o bingo. Arcanjo, que era dono do Bingo Palácio, em Brasília, seria beneficiado pela medida. Com o escândalo de Waldomiro Diniz, o governo teve de desistir da idéia e Ideli retirou seu projeto.
Portanto, se alguém tem relações amistosas com o jogo, se alguém quer legalizar o jogo, se algum partido recebe doações dos bingos e namora com o crime organizado, não somos eu e o PSDB. É o PT, o partido do juiz Julier, quem deve explicações.

Antero Paes de Barros é radialista, jornalista, senador e presidente do PSDB-MT
[email protected]

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