sexta-feira, 26/abril/2024
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Índio é mais que um belo quadro na parede

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19 de abril é o Dia do Índio. A data instituída no Brasil há 74 anos foi criada como espaço para celebração e reflexão da sociedade sobre os povos indígenas. Do objetivo inicial, na prática, restou quase nada. A realidade em que vive a grande maioria dos índios mostra que não há nada para comemorar, mas muito pelo que lutar.

A luta, no entanto, deve ser consciente, apartada do ativismo de sofá, que pouco ou nenhum comprometimento tem com a causa. Prova disso é que hoje as comunidades indígenas são vitimas de um processo político sórdido em que partidos e organizações não governamentais (ONG´s) usam o índio como bandeira ideológica para receber altas somas de dinheiro, na maioria das vezes usado para enriquecimento ilícito. Poucos são os que usam os recursos para proteger o índio, preservar sua cultura e tradições.

Os números divergentes sobre a quantidade de índios no Brasil e os idiomas ainda falados por eles, por exemplo, mostram o descaso com que foram tratados ao longo de décadas. Acredita-se que o País tenha hoje uma população de cerca de 900 mil índios, 0,4% da população brasileira ocupando uma área que abrange 13% de nosso território.

Hoje eles são poucos, diante do que já foram um dia. O descaso foi sem dúvida o maior responsável pela morte de índios. Choca saber, por exemplo, que de cada 100 índios mortos, 40% são crianças de até quatro anos de idade. Quase nove vezes maior que o número de mortes de crianças não índias, na mesma idade.

Mais estarrecedor ainda é saber que a concentração de mortes entre as crianças indígenas se dá, sobretudo, em decorrência da contaminação pelo vírus da gripe, que não curada evolui para pneumonia, diarreia e desnutrição. Suicídio, violência e acidentes diversos completam o quadro de mortandade que vem dizimando indivíduos, comunidades e etnias.

Precisamos acabar de uma vez por todas com o conceito estereotipado do índio em cima de uma canoa ou segurando arco e flecha, pintado de urucum, pronto para a guerra. Esta visão está ultrapassada. Se há uma guerra para a qual os índios estão partindo, é a da sobrevivência de sua espécie e a consequente melhoria de vida.

Eles pensam, sonham, desejam crescer e ver os filhos na faculdade. O acesso a uma educação de qualidade também lhes é direito.  Como deputado por um estado com grande número de etnias, propus a criação da Universidade Federal de Integração Indígena nas cidades de Campinápolis, Canarana e Confresa, no Araguaia, e em Sinop, Colíder e Alta Floresta, na Região Norte de Mato Grosso. A convivência entre índios e não índios é uma realidade que não pode ser ignorada. Pelo contrário, deve ser trabalhada de forma que seja pacífica e produtiva para ambas as partes, respeitando a Lei.

O senso comum, criado a partir da conveniência de ativistas de gabinete que vez por outra vestem o cocar e se pintam para fazer bonito nas redes sociais, é que a maior de todas as lutas do povo indígena é o acesso às terras, das quais teriam sido expulsos pelo avanço do agronegócio. Isso não é verdade. O direito às terras está assegurado conforme a Constituição. Além do que, mais do que terra, índio quer dignidade.

É hora de um basta na manipulação da mídia, das massas e dos índios. A verdade deve prevalecer sempre. O índio de ontem e de hoje é como eu e você, um ser humano, não apenas um belo quadro na parede.

 

Nilson Leitão – deputado federal (PSDB-MT)
Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA)

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