quinta-feira, 28/março/2024
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Futebol e exageros

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No decorrer da semana, houve uma euforia sem tamanho em cima dos resultados – digamos assim, práticos – do torneio de futebol que levou o nome do governador Blairo Maggi e que se encerrou no domingo passado. E o fim da festa não poderia ter sido mais apropriado: com o “clássico” entre o Mixto e o Operário, que não se sabe por quais motivos, renegou o nome da cidade (Várzea Grande) que, antigamente, quando o futebol de Mato Grosso podia ser tachado de “profissional”, fazia questão de exibir no distintivo.

Depois de 19 anos, conforme acentuou, fartamente, a crônica esportiva, o Verdão “voltou aos velhos tempos”. Na verdade, o estádio, que tem capacidade para cerca de 50 mil torcedores, recebeu menos de um terço desse total.

Ainda assim, a afluência desse público foi festejada por aqueles que acham que o torneio caça-níqueis que o Governo do Estado patrocinou significou a redenção do futebol mato-grossense, o resgate da dignidade dos dirigentes e, até, da auto-estima dos torcedores. Teve até cronista esportivo mais afoito e dirigente idem, que, em entrevista a rádios e TVs, exigiram (!) a presença de Mato Grosso no Grupo B do Campeonato Brasileiro. Menos, menos…

Louve-se a extrema boa vontade do governador do Estado, que, como bom desportista e mecenas (as empresas de sua família já patrocinaram o próprio Mixto e o União de Rondonópolis), tem se esforçado ao máximo para cumprir a parte que toca ao Esporte e Lazer, na famosa “Agenda Mato Grosso Mais Forte”. O Plano de Governo de Maggi, nessa área, contempla algo assim como “a democratização de uma política de desporto e lazer que vise ao desenvolvimento integral da criança e do adolescente”, bem como “um referencial para a qualidade de vida de todos os cidadãos mato-grossenses”. Longe, no entanto, até agora, de ajudar o futebol estadual a sair do buraco.

Num artigo publicado ontem (01), deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), integrante da Comissão de Desporto da Câmara Federal, desenhou com propriedade o retrato desgastado do futebol brasileiro. Segundo ele, os atletas conquistaram com seu talento os gramados pelo mundo afora; os maus dirigentes desenvolvem sistemas de grandes negócios que os deixam milionários com rapidez incrível; os clubes a cada dia se enfraquecem mais; os torcedores se afastam dos estádios; e a violência entre as torcidas é cada vez maior.
?Claro que essa realidade revelada pelo deputado paulista não é propriamente aquela vivida pelo futebol mato-grossense e nem vivenciada por nós, torcedores. Exceto, no item em que os clubes a cada dia definham e os torcedores se afastam dos estádios. Nem violência se registra mais, pois não há motivos suficientes para se brigar, com unhas e dentes, com pau e pedra, por esse ou aquele clube da terra.

Quanto ao jogo da alegada ressurreição do futebol estadual, na memorável decisão de domingo passado, considero que o sucesso (parcial) de público na partida decisiva entre Mixto e Operário, muito mais do que a competição em si, se deveu a alguns fatores. Em primeiro lugar, pelo trabalho da Imprensa, que nunca mediu esforços (e nem espaço) para divulgar o evento e despertar a atenção da opinião pública. A mídia cuiabana, apesar de algumas muitas diferenças ideológicas e de comportamento, se uniu em torno da promoção (ao que consta, sem nenhum custo). Em segundo lugar, à torcida, que atendeu ao chamamento; e em terceiro, aos clubes, que, além da regularidade no decorrer da competição, promoveram o “espetáculo”. Em último lugar, numa posição um tanto quanto periférica, os políticos e os dirigentes esportivos, se é que esse pessoal deu algum tipo de contribuição para a realização do evento.

Pode até ter havido muito futebol por parte dos atletas envolvidos na disputa decisiva. Contudo, sobrou politicagem num Verdão, que, naquele domingo, se tornou bem pequeno para tanta exposição de vaidades e práticas eleitoreiras. Se isso é a salvação do nosso futebol, imagine, caro leitor, o que é a perdição da nossa maior paixão.

Antonio de Souza é jornalista, é consultor de Comunicação da Oficina do Texto – Marketing e Assessoria de Imprensa, em Cuiabá.

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