sexta-feira, 19/abril/2024
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É proibido ter dinheiro !!!

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Nunca me senti à vontade com a possibilidade de escrever para uma coluna de jornal. Sempre leio e muito, discordo de muitos artigos, mas sempre achei que para escrever teria que estar muito bem embasado, para não cometer asneiras, mas depois de alguns artigos, no Só Notícias, com relação à nossa agricultura , criei coragem.
O leitor Daniel Fiel, que se intitula profissional liberal, creio eu seja mal informado quando ao progresso regional. Desmatamentos indiscriminados e irresponsáveis, eu sou o primeiro a desfraldar a bandeira “dos contras”, mas ser contra a exploração racional do imenso potencial agropecuário da amazônia é, no mínimo ser retrógrado e desinformado.

Não sabe ele que a área agricultável do Mato Grosso é de aproximadamente 35 milhões de hectares, menos que 40% do nosso território e que hoje, cultivam-se próximo a 9 milhões de hectares, pouco mais de 25% da área aproveitável e que os setores madeireiro e agropecuário são os responsáveis por 100% dos empregos diretos e indiretos em nossa região. Ou tem alguma empresa ou alguém produzindo alguma outra coisa que gera recursos externos para nossa região?
Acho também interessante, a idéia de parar de abrir terras e expandir a agropecuária. Vamos lá, cadastremos todas as áreas, determinemos a mão de obra necessária para atender todos os setores, parem os projetos de expansão das empresas locais (inclusive as prestadoras de serviços), aí peguemos o excedente de mão de obra, que vai ser muita, coloquemos todos em caminhões e ônibus e devolvamos para os seus locais de origem (o problema passa ser deles), fechemos a nossa economia e nossas divisas, aqui ninguém mais entra, em 500 anos trabalhando conseguiremos indenizar todos que investiram na compra de terras, incentivados pelo governo, as casas e terrenos urbanos que sobrarão e assim viveremos felizes para sempre. Talvez seja realmente uma ótima idéia, gostaria de ver como seria esse projeto.
As idéias do Sr. Daniel, além de estapafúrdias e retrógradas, não merecem, ao meu ver, serem consideradas, pois parece ser crime trabalhar e ter, dinheiro. Pregar que devemos andar de carro velho e nos contentar em ficar parados no tempo, nem sei como devemos enquadrar tal pensamento.
As camionetes dos produtores é o reflexo do sucesso do trabalho e não foram doadas por ninguém e as reivindicações dos mesmos nada mais são para que o governo não mude as regras do jogo antes do mesmo acabar, ou será que o Sr. Daniel gostaria que o seu rendimento fosse reduzido de uma hora para outra, sem aviso? E não esqueça que os agricultores não querem perdão de dívidas ou doação de dinheiro e sim acomodar seus débitos para que a atividade não pare, tudo isso em função da mudança de regras do governo depois da atual safra ter sido implantada.

Por fim, Sr. Daniel, será que na região de onde o senhor veio não existe nenhum problema ambiental??? Eu vim do Paraná, dá dó de ver o que aconteceu por lá, mas quando foi feito todos aqueles crimes ambientais não existiam, IBAMA, FEMA, projeto SIVAN, imagens de satélite e outros recursos hoje disponíveis, nem se recolhiam tantas taxas ambientais como hoje. Quem leu a “Revista Veja” da semana passada vai encontrar em um de seus artigos, que uma única empresa recebeu o suficiente para reflorestar três vezes os Estado de Mato Grosso, e qual é a pena deles? E ainda me aponte quanto de retorno a nossa região, na forma de investimentos e empregos, os nossos bancos, factorings e agiotas devolveram até hoje?
Então Sr. Daniel, como diz o velho ditado : “Quando falar mal da agricultura, não fale de boca cheia”, feito ao que me parece de encomenda a Vossa Senhoria; e um conselho final, quando não souber de um assunto, faça como eu, pense, fique intrigado, mas não escreva, nem fale besteiras, procure inteirar-se e indague-se : “Será que todos estão errados, só eu estou certo?”

Luiz Carlos de São José, Engenheiro Agrônomo, acadêmico de Direito na Unicem, proprietário de uma pequena agroindústria e residente em Sinop há 27 anos

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