quinta-feira, 25/abril/2024
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Autoridade Política

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Dois fatos ocorridos na semana passada, um em Santo Antonio de Leverger e outro na Câmara Federal, em Brasília, apesar de opostos, sugerem uma reflexão atual sobre política, credibilidade dos políticos e resgate das instituições democráticas.

Em Leverger, o artista Lioniê Vitório, o Nico da dupla “Nico & Lau”, foi empossado como prefeito interino da cidade, na licença temporária do titular, Faustino Dias Neto, que, a rigor, não precisaria se licenciar pelo exíguo tempo que ficaria fora do país. Na véspera, em Brasília, a deputada federal Ângela Guadagnin (PT-SP) fez a dança do deboche, em plenário, depois da absolvição de um colega seu da acusação de envolvimento no mensalão.

Presente à posse de Lionê, o deputado federal Ricarte de Freitas (PTB) fez o seguinte comentário (aqui traduzido livremente): “A posse do Nico representa um ato espontâneo do Faustino de respeito e colaboração com o vice, e também o fortalecimento e a recuperação da instituição e da autoridade políticas, sobretudo nesse contexto onde uma deputada desrespeita a Nação dançando em plenário por uma causa nada nobre”.

Autoridade é, por si só, um termo controverso. Numa primeira leitura, somos inclinados a percebê-lo como uso da força, do poder. De fato, o dicionário Texto Editora Universal define autoridade como “poder de mandar; domínio; poder; pessoa que exerce o poder; mando; poder público; pessoa ou texto que se invoca em favor de qualquer opinião”.

Não é, como visto, necessária e exclusivamente uso de força, como medianamente percebido, mas “poder” de mando, “domínio”, “poder público”. James C. Hunter, autor de um livreto que já vendeu mais de 700 mil cópias no Brasil nos últimos anos, intitulado “O Monge e o Executivo – uma história sobre a essência da liderança”, que já está na 17ª Edição, diferencia autoridade de poder.

Para ele, poder “é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não fazer”. Já a autoridade, de acordo com Hunter, está na essência da liderança, na medida em que “é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal”.

Essa definição pode explicar a afirmação de que a autoridade política precisa ser recuperada, para que, de resto, se recupere a credibilidade política, o exercício da liderança.

Não significa a valorização dos formalismos estéticos do poder, a que chamam de liturgia do cargo. Não é a autoridade pública formar tropas para desfilar toda vez que chega ou sai dos palácios. Não é o uso de terno e gravata no calor que faz Cuiabá. Não é dar chá de cadeira nos cidadãos que pedem uma audiência na repartição pública para mostrar quem manda. Não é, enfim, o uso da força ou da violência para fazer prevalecer seus pontos de vista.

Autoridade política, ao contrário, estaria exatamente no diálogo, na troca, na interação, no respeito ao público, no cumprimento da palavra empenhada, na honestidade, na compreensão dos argumentos contrários e da crítica, ou, como diz o próprio James Hunter, autoridade, aqui entendida como liderança, consiste na identificação e satisfação das necessidades da clientela (que neste caso é Política), constituída da opinião pública, da sociedade, do cidadão.

Kleber Lima é jornalista, Consultor Político

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