terça-feira, 23/abril/2024
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Silval diz que Taques, Blairo e Wellington tentaram demovê-lo de delação

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Em continuidade à delação premiada firmada com o Ministério Público Federal (MPF), o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) disse que, enquanto ainda estava preso no Centro de Custódia da Capital (CCC), recebeu visitas de autoridades, como os senadores Wellington Fagundes e José Aparecido dos Santos, o Cidinho Santos (ambos PR).

Este último, segundo Silval, teria afirmado que Wellington Fagundes, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), e o governador Pedro Taques (identificado na ocasião como "1 PTX") estariam dispostos a ajudá-lo, trabalhando para anular a operação Ararath, que tramita na Justiça federal e apura crimes de corrupção, lavagem de dinheiro na gestão de Blairo, em troca do silêncio de Silval, que confirmou a Cidinho o interesse em confessar seus crimes.

O teor da delação foi divulgado pelo Jornal da Globo, edição desta quinta-feira (24), que teve acesso à delação já homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, no início do mês.

Esta manhã, o jornal Bom Dia Brasil apresentou outra reportagem sobre a visita de Cidinho a Silval na cadeia, acrescentando que o senador disse ao ex-governador que além dos políticos, o empresário do ramo de factoring Valdir Piran, réu na operação Sodoma 3, que apura fraude na desapropriação do bairro Jardim Liberdade, também se reuniria ao grupo para ajudar Silval com o processo da Ararath.

O filho de Valdir Piran, Valdir Piran Júnior, disse que eles desconhecem completamente o assunto e não sabem o motivo que levou o ex-governador a citá-lo na delação. "Desconhecemos completamente o assunto e não fazemos ideia do porquê o nome dele [Piran] ter sido mencionado na matéria".

Conforme a reportagem, Silval gravou a conversa entre ele e Cidinho com um gravador que ele pediu para um dos filhos levar para ele na cadeia logo após surgirem na imprensa notícias de que ele faria delação premiada. A gravação foi entregue à Justiça.

Após a veiculação da reportagem televisiva, o governador Pedro Taques (PSDB) se defendeu dizendo que a delação premiada é um instrumento importante, mas que também tem seu lado negativo. “Delação é instrumento muito importante, mas também serve para prejudicar inimigos”.

De acordo com o tucano, é pública a rixa entre ele e Silval uma vez que determinou investigação em todos os contratos da gestão passada. “Todo mundo sabe que o Silval é meu inimigo, todo mundo sabe que ele reputa a prisão dele, do filho dele e da mulher dele a mim. Todo mundo sabe que no primeiro dia de governo, eu determinei a vistoria em todos os contratos”, disse o governador.

Taques ainda negou fazer parte de acordo para impedir a delação de Silval Barbosa em troca de favorecimento no processo criminal da operação Ararath. “Eu não tenho esse poder. Nunca tive e nunca conversei com o Cidinho sobre Ararath”.

O senador Cidinho Santos explicou que as acusações de Silval Barbosa não procedem e que se tratam de uma "armação", já que o ex-governador alegou a Wellington Fagundes, que o visitou primeiro, que estava se sentindo "abandonado por todos os amigos", que não recebeu visita dos políticos antes aliados e que por isso estaria "deprimido e chateado".

Cidinho conta que ao saber disso por seu colega Wellington Fagundes, resolver fazer uma visita em solidariedade ao ex-governador, há cerca de quatro ou cinco meses, ou seja, pouco tempo antes de Silval deixar a prisão.

Na conversa, Silval teria reclamado à Cidinho das condições que vivia na cadeia, onde estava sendo cerceado de tomar banho de sol, de estudar, ler livros, trabalhar. O senador afirma que em relação a isso, disse ao então presidiário que iria conversar com as autoridades para garantirem seus direitos.

Silval e Cidinho também conversaram sobre os processos criminais do ex-governador, que afirmou que estaria realmente propenso a fazer delação. Em relação a isso, Cidinho afirma que apenas disse a Silval que iria conversar com os advogados dele para o ajudarem com a decisão. "Em nenhum momento eu falei pra ele não fazer delação. Eu só falei pra ele ver o que fosse melhor pra ele".

Em relação à suposta proposta que Blairo, Fagundes e Taques teriam feito para impedir a delação de Silval e que teria sido levada a ele por Cidinho, o senador nega. "Eu não fui lá mandado por ninguém, fui por livre e espontânea vontade, por solidariedade. Quando a mulher dele foi presa, eu liguei pra ele, eu sempre mandava cesta de natal quando ele era governador", disse Cidinho, que diz estar chateado com a atitude de Silval. "Me sinto chateado, quando você tenta ser solidário e a pessoa faz uma coisa dessa, dá até um desânimo!", disse ao Gazeta Digital.

O senador afirma que vai pedir à Justiça acesso aos autos da delação do ex-governador para, em seguida, tomar as providências cabíveis. Ele também acrescentou que "se ele [Silval] gravou mesmo o vídeo, pra mim é ótimo porque vai mostrar a verdade".

Outro lado
O governador Pedro Taques divulgou nota reiteraando "que não tem nenhuma relação com os fatos noticiados pela imprensa acerca da delação do ex-governador Silval Barbosa. Pedro Taques reafirma que foi e é adversário político do grupo do ex-governador, não fez nem autorizou ninguém a fazer acordo de qualquer natureza com Silval Barbosa, e atribui a citação do seu nome na delação como uma tentativa rasteira e desonesta dos seus inimigos, movida por vingança, de envolvê-lo nesse escândalo monstruoso que envergonha Mato Grosso perante a Nação. Pedro Taques afirma, ainda, que a atuação dos órgãos de controle do Governo do Estado (como CGE e PGE) – desde 01 de janeiro de 2015, primeiro dia de seu governo – foram fundamentais na elucidação dos crimes cometidos pelos gestores que o antecederam, contribuindo para levar à prisão o ex-governador, sua esposa e um de seus filhos, entre outros".

O ministro Blairo Maggi rebateu, em nota, as acusações. "Nunca neguei o fato que foi um ato de solidariedade a um ex-chefe de Estado, uma vez que, havia a informação de que estava em depressão e, embora não tenha trabalhado ou atuado no Governo dele, não justifica ignora-lo como muitos fizeram. Não sou garoto de recado, não recebi orientação e não fui a mando de ninguém. Lamento que no vídeo divulgado não conste o áudio, pois, seria de conhecimento de todos que nada falei no intuito de prometer qualquer benefício ao acusado.  Se há algo do que se envergonhar, fica a cargo do ex-governador, que fez tudo de caso pensado, agiu de ma fé e arquitetou um plano para livrar-se da cadeia. Benefício garantido pela prática da delação premiada. Por fim, sigo com a consciência tranquila e inteiramente à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos".

(Atualizada às 11:58h)

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