sexta-feira, 19/abril/2024
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Trocando os sinais

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Cobri o impedimento de Collor e agora acompanho o processo de impeachment contra a presidente Dilma. Sinto que a História se repete. A mesma causa: o chefe de governo resolve governar sem diálogo com o Congresso Nacional e quando a crise aperta no campo econômico, não há como resolvê-la pela via política, já que os caminhos estão cheios de obstáculos. Nem Collor conseguiu projetar no Congresso a maioria que o elegeu, nem Dilma conseguiu pactuar sequer com sua base aliada. Nem mesmo com o seu próprio partido, que sempre se queixou de ser desprezado pela presidente. Imaginem o que dizer do principal partido aliado, o PMDB, relegado a um plano abaixo do queixoso PT.

Dilma e seus seguidores, na falta de argumentos para contrapor à verdade contábil  das pedaladas e das aberturas de crédito sem a devida autorização legislativa, alegam que se trata de um golpe. Nada como recordar aqui aquele ano de 1992, em que o PT foi o principal ator no impeachment de Collor. O pedido entrou no início de setembro e antes que o mês terminasse, Collor já estava afastado da Presidência. Sob a mesma Constituição que hoje preside o processo contra Dilma. Processo que já tem cinco meses, orientado pelo Supremo e com direito de defesa em cada fase. Collor, mesmo tendo renunciado durante o julgamento no Senado, não conseguiu evitar a condenação que o afastou por oito anos de cargo público. Denunciado por crime comum ao Supremo, foi absolvido. Hoje, o Procurador Geral da República se prepara para denunciar Dilma ao Supremo.

Na Câmara e no Senado, vê-se uma tropa de choque na defesa barulhenta de Dilma, tendo por método uma espécie de vale-tudo. Collor tinha também uma tropa de choque em sua defesa, conduzida por Roberto Jefferson, com José Carlos Martinez, Ney Maranhão, Cleto Falcão, Renan Calheiros, Gastone Righi – metade deles já mortos. Dilma tem um núcleo na Câmara que a defendeu mais que os petistas, formado pelo PSOL e o Partido Comunista do Brasil. No Senado, estamos vendo agora Lindberg Farias, Gleisi Hoffmann e Fátima Bezerra, do PT e Vanessa Grazziotin, do PC do B, a levantar a voz, quando já não há argumentos. Desde sempre, a minoria procura compensar a falta de votos pelo volume da voz. Já a voz das ruas foi eloquente. Collor não ouviu as ruas, ou não as entendeu. Dilma repetiu o erro e só agravou sua queda de popularidade e aprovação.

Agora o PMDB, que sempre gostou do poder, assume a presidência pela segunda vez.  A primeira foi com Sarney. Tentou com Ulysses duas vezes: na primeira, ele perdeu para o General Geisel; na segunda, perdeu para Collor. Com Euler Bentes, perdeu para o General Figueiredo; com Quércia, perdeu para FHC. Com Rita Camata vice de Serra, perdeu para Lula. Com Temer, acompanhou Dilma na eleição e reeleição. Por último, faltou lembrar, nessas recordações, que o PT propôs e agitou as ruas por impeachment de Sarney, de Itamar e duas vezes, de FHC. Sempre que fora do poder, quis impeachment do presidente. E nunca era golpe.

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