sexta-feira, 26/abril/2024
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Teimosia ideológica

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Zelaya perdeu feio a eleição em Honduras. E o Brasil perdeu também. O comparecimento às urnas, segundo a justiça eleitoral, foi de 61,3%. Quando Zelaya foi eleito, votaram cerca de 52% do eleitorado. Há 70 dias ele usa a embaixada do Brasil como palanque e QG contra as eleições, pedindo abstenção mas a maioria do povo hondurenho preferiu as urnas. E elegeu o candidato que Zelaya havia derrotado em 2005. Foi uma eleição tranquila, aparentemente sem fraude, como constataram observadores estrangeiros que acompanharam o pleito e a contagem dos votos. A eleição é a saída para o impasse hondurenho, desde que Zelaya foi deposto. O Brasil não reconhece as eleições e teima em que
houve um golpe.
       
Concordemos com o governo brasileiro. Houve um golpe. Um estranho golpe latino-americano, que não foi desferido pelas forças armadas, mas pela Suprema Corte, por iniciativa do Ministério Público e em obediência à Constitiução. Um golpe que deu posse a um novo presidente por votação no Congresso e mantendo as eleições presidenciais que o presidente deposto não  queria. E que o Brasil, fiel seguidor do bolivariano tenente-coronel paraquedista Hugo Chavez , condena. Seguindo Chavez, o Brasil não reconhece  uma eleição normal, democrática, livre e aprovada por observadores.
      
O presidente Lula, o Ministro Amorim, o assessor Marco Aurélio Garcia, não reconhecem as eleições. O presidente da Costa Rica, a mais sólida democracia da América Latina, e que foi o mediador de acordo com Zelaya, reconhece a eleição e acha que ela é a saída para o impasse, assim com o maior país das américas, os Estados Unidos. O Brasil, não. Prefere
ficar na companhia de presidentes de duvidoso currículo, como Hugo Chavez da Venezuela; Daniel Ortega, da Nicarágua; Rafael Correa, do Equador; Evo Morales, da Bolívia e Cristina Kirchner, da Argentina.
      
O Brasil concedeu ao ex-presidente um asilo inédito: ele está morando na embaixada brasileira; fez dela um palanque; é o primeiro asilado que não está privado de fazer manifestações políticas em território brasileiro e é quem manda de verdade na embaixada.  E agora, diante do vexame de ser contra eleicão, o que mais resta ao Brasil? Posso adivinhar: vai mostrar como é  inflexível, exigindo que deem salvo-conduto a Zelaya, para que ele possa ser trasladado até o aeroporto e embarque no Aerolula, em direção ao Brasil. Depois, pagaremos, nós contribuintes, um hotel cinco estrelas para o nosso hóspede asilado.

Semana passada, o Congresso de Honduras perguntou à Suprema Corte qual a situacão de Zelaya, para deliberar sobre o presidente deposto. O Supremo respondeu que há ordem de prisão contra ele por seis delitos contra a Constituicão. O erro das forcas armadas hondurenhas foi tê-lo posto num avião, de pijamas, para ser levado ao exterior, quando deveria, mesmo, estar atrás das grades. Agora está detrás da proteção do Brasil. O presidente eleito, Porfirio Lobo, estendeu os braços para um entendimento com Lula, fez apelo. O brasileiro recusou, com desprezo. O governo do Brasil não quer
reconhecer uma eleição livre por ideologia e teimosia. Perde feio e se mostra despreparado para o papel mundial com que sonha.

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