quarta-feira, 24/abril/2024
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O terremoto brasileiro

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 O terremoto que atingiu o Chile teve uma potência 900 vezes superior ao do Haiti. Mas no Haiti houve quase 300 mil mortos e no Chile não chegou a mil. Terremotos são imprevisíveis, mas o que fez a diferença foi a preparação, a prevenção, a organização. Aqui, chuvas de verão na região sudeste são previsíveis. Mas nesta estação já mataram cerca de 200 pessoas. Repetem-se todos os anos desabamentos de  morros, casas, estradas, pontes. Neste momento, o trânsito na principal rodovia que une São Paulo a Minas está interrompido, porque um viaduto ameaça desabar por causa da chuva. O nosso terremoto é a nossa bagunça, o nosso desprezo pela palavra ordem, escrita na nossa bandeira. E a falta de liberdade por falta de conhecimento.

A principal riqueza de um país são seus cérebros. Perdemos um tesouro: o empresário José Mindlin, conhecido pelo seu amor aos livros. Um abençoado, se forem aplicados estes versos do poema de Castro Alves:  “Oh, abençoado o que semeia livros; livros às mancheias; e manda o povo pensar”. Parece proposital, no entanto, que os livros sejam mantidos longe do povo. Uma das imagens que me impressionou do terremoto do Chile, foi o interior de uma casa atingida, pai operário e filho juntando do chão pedaços do teto e, ao lado deles, uma estante cheia de livros. Em quantos lares brasileiros se encontra a presença iluminada de uma prateleira de livros?
O livro ensina a ler, a escrever, a conversar, a se comunicar. Ensina a pensar. Dá conhecimento. E quem tem conhecimento tem liberdade. “A verdade vos libertará”,  diz o Novo Testamento. A quem interessa um povo escravo do populismo, da demagogia, do engodo, da mentira, da ignorância? A quem interessa um povo com saber, conhecimento, que pensa por si? Perguntas bem apropriadas em ano eleitoral. Se o presidente visita os mais antigos ditadores do mundo horas depois de morto um prisioneiro político e diz que nada reclamou porque não se mete em assuntos de outros países, o cidadão livre logo perguntará: e em Honduras, não se meteu?

Se o presidente apoia um diversionismo-padrão da Senhora Kirchner, na questão das Malvinas/Falklands, e diz que um país europeu não pode ter colônia no mundo de hoje, o cidadão livre logo perguntará: “Bem, as Malvinas estão a 600 quilômetros do continente sul-americano, mas tudo bem; no entanto ali na fronteira com o Amapá, está uma imensa colônia francesa e o presidente nada diz a Sarkozy, além de prometer comprar aviões da potência colonial.” Se na Cuba dos Castros o presidente do Brasil alega que precisavam protocolar uma carta para ele saber se há greve de fome do prisioneiro político, o cidadão livre perguntará: “Mas então não está funcionando o serviço de informações da Presidência da República, para deixar o presidente a par dos fatos do país que vai visitar?” Não temos terremotos, mas, em compensação, falta a luz que não vem das lâmpadas.

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