sexta-feira, 29/março/2024
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O porco e a política

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 Estou de volta de três semanas de férias em lugares que ainda não conhecia:  Rússia, Polônia e Hungria. Países que se encontravam atrás da Cortina de Ferro, até a queda do Muro de Berlim. E volto percebendo ainda mais o ridículo dos brasileiros que ainda sonham com um regime comunista. Não encontrei, em Moscou, São Petersburgo(ex-Leningrado), Varsóvia e Budapeste, nenhum russo, polonês ou húngaro que falasse bem do regime comunista. A cada três frases, uma é para lamentar o que sofreram sob o jugo das ditaduras comunistas. Conheci a neta de uma senhora que não passa perto da antiga sede da KGB, onde seu noivo foi morto e torturado. Os russos ridicularizam os prédios construídos para glorificar a grandeza soviética, assim como criticam a amizade do governo russo com o tiranete Hugo Chavez.  “Aqui estão construindo submarino para o ditadorzinho sul-americano. O que será que ele pretende fazer com isso?”, mostrou-me um russo, apontando para um estaleiro em São Petersburgo.

    A  Polônia e a Hungria não têm o tempo de ditadura comunista que subjugou os russos por 70 anos; mas sofreram duas opressões: primeiro, a dos nazistas; depois, dos soviéticos. Nas duas cidades, museus e monumentos mantêm a lembrança dessas duas épocas de tirania. Em Budapeste, o mesmo prédio que sediava os serviços de informações do governo Húngaro, aliado aos nazistas, depois abrigou o serviço de informação ligado aos soviéticos. E transformou-se num museu que mostra as câmaras de tortura e as masmorras. Os húngaros reuniram foram de Budapeste uma exposição única no mundo: a das estátuas soviéticas que foram retiradas depois da queda da ditadura. Na entrada, as botas de Stálin, que restaram da estátua destruída na revolta de 1956. Por outro lado, é bom lembrar que foram os russos que libertaram a Polônia, a Hungria e a Áustria dos nazistas.

    Volto ao Brasil e encontro a mesmice. Uma barulheira que não existe na Europa, sobre “gripe suína” e Sarney ainda resistindo. Fico a imaginar como alguém, como Sarney, consegue ser destaque na política brasileira. Há centenas de pessoas que eram pobres, remediadas e, após entrarem na política, ficaram milionárias. E o eleitor não se pergunta como. Não faz as contas que a Receita Federal deveria obrigatoriamente fazer: com que salário no serviço público conseguiram acumular patrimônio cem vezes maior do que ganharam legalmente. O lado útil é que quanto mais Sarney permanece exposto na presidência do Senado, mais se descobrem novidades. É bom lembrar que não basta concentrar-se apenas em Sarney se o país quiser limpar-se de suas mazelas.

Na Europa medieval, condenava-se o que não se entendia. Aqui, a ignorância ajuda a se criar preconceitos. Viajando de avião pela Europa, vi, pela janela, dezenas de usinas nucleares nas periferias das cidades. Aqui, as usinas de Angra, distantes de qualquer grande cidade, metem medo. Assim como mete medo a gripe suína, considerada na Europa apenas mais um tipo de gripe, que mata tanto quanto qualquer outra gripe. Mas, por ignorância, o Brasil anda com medo. E até parou de comer carne de porco – alimento que está presente nas mesas de todos os restaurantes, em qualquer cidade européia. O porco nada tem a ver com a gripe. Pode ter, sim, relação com a política brasileira.

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