sexta-feira, 29/março/2024
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Nove meses de parto

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Ouvi com atenção o discurso da então presidente em sua defesa no Senado. Ouvi a exposição de seus feitos. Se tudo fosse real, estaríamos no melhor dos mundos. Não teríamos pobres, não teríamos endividados, não teríamos falidos, não teríamos contas públicas deficitárias a atrapalhar as nossas vidas e as vidas das empresas, que não estariam fechando, desempregando, mas distribuindo riqueza. A presidente primeiro deve ter-se convencido de seu mundo irreal, distante do país real, para depois argumentar de modo tão professoral, como mestra da verdade. Como seria bom se tudo o que ela disse para seus julgadores fosse verdade!

Ninguém mais aguentava. Os jovens saíram às ruas já em meados de 2013; depois as ruas explodiram de gente já zangada – e ela insiste em dizer que foi Eduardo Cunha. Não só o deputado, mas também os imperialistas, o mundo exterior, a mídia, as elites. Nunca ela, que fez e não fez, não viu e aconteceu, foi avisada e desdenhou. Ficou longe de seus próprios aliados no Congresso, sem ter lido a história de Jânio e Collor, e repetiu os erros dos dois: quando precisou, estava só.  E ainda teve o PT, de destruidora atuação na Petrobras, a atrapalhar a flutuação da nave sem rumo. E no Senado, para se defender, agiu como se fosse acusadora dos senadores, o que confirmou a fama de seu temperamento.

Clamou por seus 52 milhões de eleitores e chamou Temer de usurpador. Esqueceu-se de que foi eleita por petistas e peemedebistas. O PT sozinho, sem a estrutura nacional do PMDB, não elegeria presidente. E seus eleitores não foram às ruas. A fonte de dinheiro para sustentar ônibus e sanduíches das manifestações havia encolhido. Mas apareceu Chico Buarque, para figurar no documentário que está sendo preparado para demonstrar a tese de golpe. A presença dela no Senado, enfim, defendendo seus pontos de vista de manhã à noite na segunda-feira, tirou sustentação da tese de golpe. Um golpe, imaginem, que durou nove meses – o dobro do tempo que o PT levou para tirar Collor sem golpe.

Só como exercício de imaginação, pensemos o que aconteceria com o Brasil se Dilma não fosse condenada e voltasse à Presidência da República para mais 28 meses de continuação do governo que levou ao desemprego 12 milhões de brasileiros, sem contar os jovens que não conseguem encontrar seu primeiro trabalho; o que seria do tamanho do dólar, dos juros, da inflação, da recessão, da desconfiança. E que tamanho teria a vingança, a retaliação. Que caos sobre caos nos aguardaria? Agora, depois de nove meses de processo, finalmente veio o parto. E ela partiu.

 

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